Aos poucos vê aparecendo alguns vídeos que foram filmados em uma palestra de Júlio Brant (acho até que é Leo Gonçalves quem aparece no fundo do vídeo). Não estive na palestra, não vi o vídeo inteiro filmado, e tampouco participei em nenhuma reunião para a elaboração desse projeto, ou para a campanha de Júlio Brant. Mas já trabalhei muito com projetos e sei das dificuldades de suas execuções. Então vamos comentar alguns pontos do discurso de Júlio Brant.
A primeira coisa que acho importante comentar é o aumento de 80% na arrecadação do Vascão. Acho factível, mas é uma meta bastante difícil. O corínthians conseguiu, mas existem diferenças grandes entre os dois clubes. Primeiro o corínthians é o queridinho da Globo em São Paulo, o que lhe valeu um contrato de TV bem maior do que o atual do Vascão, mesmo o Time da Colina dando mais retorno televisivo no país afora, mas em SP o corínthians é imbatível. Segundo, por estar em SP, e ter a maior torcida do estado, há maior interesses das empresas em patrocinar o clube paulista, pois o retorno tende a ser maior. Terceiro, mesmo havendo sérias divergências internas dentro do corínthians, essas divergências são amenizadas e não passam para o grande público, o que ajuda a não denegrir a imagem da marca.
O Vascão tem enorme torcida espalhada pelo país, mas é menor que a do corínthians e está localizada em locais onde o poder de consumo é menor. Então temos mais dificuldades em atrair patrocinadores. Isso influencia também nas negociações com a TV, embora possamos melhorar muito nossos ganhos que venham dessa fonte. Terceiro, a política do Vasco é extremamente conturbada, e na última década já foi parar umas 3 ou 4 vezes na Justiça, e agora até na política. EMPRESAS NÃO QUEREM TER SEUS NOMES ASSOCIADOS A ESSE TIPO DE SITUAÇÃO!
Então acho factível os 80% de aumento nas receitas em 3 anos, que Julio Brant projeta, mas é difícil, bem difícil.
Outro ponto é a questão de termos um Time para disputarmos com "Barcelonas" da vida, e não contra nossos rivais nacionais e eventualmente contra. Isso é ótimo, realmente lindo, mas é ainda mais difícil do que aumentar a receita, porque aqui temos outras incógnitas que atingem os campos, e que podem por um trabalho maravilhoso por terra. São os imponderáveis do futebol, além dos desejos e interesses pessoais de dezenas ou centenas de pessoas que possam estar ligados aos resultados alcançados por um time de futebol.
São eles interesses políticos, econômicos, e de ordem pessoais de todo tipo. Um exemplo é que a grande maioria (imensa mesma) dos atletas que retornam ao país, o fazem quando perdem mercado na Europa ou seja lá onde estiverem jogando. E essa perda de mercado se dá por vários motivos, como falta de adaptação, queda de rendimento por idade, contusão, etc. O próprio Edmundo, com toda a bola que jogava, não se adaptou ao futebol europeu. Basta lembrar que a maioria dos atletas opta por jogar em ligas secundárias da Europa, do que permanecer no futebol brasileiro, e muitas vezes não é só por dinheiro não, mas pelo "status" de estar atuando no exterior.
Por fim, para termos uma equipe em condições de realmente disputarmos com os "Barcelonas" da vida, precisamos de muito mais dinheiro do que os 80% de aumento de receita projetado. Precisamos de uns 500% de aumento de receita, pois precisaríamos de ao menos uns 6 ou 7 atletas cujos salários estariam entre R$ 500 mil e 1 Mil. Fora outros recursos, como centro de treinamento de primeira, acesso a intercâmbio com equipes europeias frequente, etc.
O corínthians ganhou! É verdade, mas houve muita coisa que conspirou para isso, como um momento iluminado do time, do treinador, pegou um Chelsea em transição (e menos forte que o normal), e mesmo assim o melhor em campo foi Cássio, o goleiro corinthiano.
Como se vê, suas ideias não são ruins, menos ainda o são as intensões, mas precisamos de muito mais do que isso para estarmos no nível das melhores equipes europeias. E uma das coisas que precisamos é de um soerguimento geral do futebol brasileiro.
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