Hoje vamos deixar um pouco de
lado as eleições Vascaínas e os comentários que dizem respeito apenas ao Vascão
(e a todos os enrustidos que dizem torcer por outros clubes), para comentar uma
situação que diz respeito a todos os clubes brasileiros, que é a situação
financeira do futebol atual.
Outro dia estava assistindo ao
Redação Sportv, e estavam falando das principais transferências de jogadores
promovidas pelos clubes da primeira divisão inglesa até aquele momento. Os
valores chegavam próximo ao R$ 1 bi. Estamos falando de apenas uma divisão do
futebol inglês, e com a janela de transferências ainda em andamento. Podemos
supor que até seu fechamento esse valor irá superar o R$ 1 bi.
Em termos de valor individual de
transferência, ele variava entre R$ 15 mil e R$ 115 mil. E quando falamos
dessas transferências, falamos apenas de jogadores medianos ou pouco acima da
média, como é o caso do atacante belga Lukaku, contratado pelo everton por €$
35 mil (R$ 112 mil). Jogador jovem e promissor, mas ainda tem que comer muita
grama para entrar no rol dos melhores. Se pararmos para pensar nas
transferências de Bele para o Real Madrid e outras, vemos que os valores para
se formar um time altamente competitivo são estratosféricos hoje em dia.
E com as informações acima na
cabeça veio a pergunta: como os clubes brasileiros podem competir? Como podem
pensar em novamente estar entre os grandes do mundo, se o maior orçamento (não
transferência) do Brasil ano passado foi do corínthians e chegava a R$ 250 mil?
O do Vasco, com todos os problemas e dificuldades que apresentou nos últimos
tempos foi de R$ 120 mil, e esse ano, com o Club disputando a Série B, diminuiu
uns R$ 15-20 milhões. Não bastasse isso, os clubes brasileiros ainda precisam
pagar uma montanha de dívidas contraídas através das últimas duas ou três
décadas, além de manter as obrigações atuais, como salários, impostos e
manutenção do patrimônio.
Bom, meus Caros Leitores, a
resposta que eu encontrei é que não vamos. Não há como competir, mas podemos
amenizar tal situação, e se dificilmente teremos times compatíveis com os
gigantes europeus, ao menos poderemos nos comparar com os médios e com aqueles
que aspiram a se tornarem gigantes.
E para isso necessitamos de
algumas coisas óbvias, mas imprescindíveis para que nossos clubes possam voltar
a apresentar desempenho digno de suas tradições e do futebol brasileiro. Isso,
com certeza, também afetaria nossa seleção, que poderia voltar a apresentar bom
futebol.
A primeira e urgente ação é o
saneamento financeiro dos clubes. Praticamente nenhum deles é inviável, mas é inviável
continuarem a ser administrados com as dívidas administrativas, trabalhistas e
tributárias no nível em que estão. Isso diminui sensivelmente a condição dos
clubes brasileiros em investir em atletas de ponta, tendo que se contentar com
boleiros que não deram certo na Europa, os muito novos, os muito velhos, ou
aqueles que não têm condições de arrumarem bons contratos no exterior.
Convenhamos que é pouco.
Outro ponto importante é que os
clubes parem de prometer salários astronômicos para os atletas, e depois deixa-los
sem pagamento. Já virou círculo vicioso; os atletas pedem muito, porque sabem
que irão receber boa parte atrasado e às vezes anos depois na Justiça, e o
clube aceita, já sabendo que não irá honrar seu compromisso.
Outra medida importante é a
racionalização dos gastos, principalmente nos gastos administrativos e de
manutenção de patrimônio, assim como de ampliação do mesmo. Isso significa
enxugar quadro de funcionários; fazer a manutenção preventiva do patrimônio de
forma correta, o que é muito mais barato do que a corretiva; analisar bem investimentos para ampliação do
patrimônio; ente outros.
Isso tudo que disse acima é
básico dos clubes, e possivelmente com alguma ajuda governamental na questão da
renegociação das dívidas tributárias, mas não para por aí. Precisamos melhorar
a qualidade dos espetáculos apresentados em campo, acabar com a violência nos
estádios e entre torcidas organizadas, rever a questão da CBF, federações e
tribunais esportivos no país, revisão da distribuição de direitos televisivos
(corínthians e flamengo não jogam sós), maior intercâmbio com clubes europeus,
como acontecia até uns 20 anos atrás, antes de se assoberbar o calendário brasileiro
com excesso de jogos para os grandes clubes e falta para os pequenos, aumento das receitas, principalmente através de maior participação dos torcedores e da exploração de seus patrimônios de forma mais profissional, revisão
do direito do passe para os clubes, nem que seja alguma compensação para cobrir
os custos com a formação do atleta, caso este deixe o clube sem ser através de
uma venda.
E talvez a principal seja a
criminalização dos dirigentes esportivos, sejam eleitos politicamente, sejam
contratados profissionalmente, pela saúde financeira de suas instituições. Sem
isso é praticamente impossível que tudo que colocamos acima se torne realidade.
Segundo Bebeto de Freitas, ex-presidente do botafogo do Rio, isso já existe, e
foi um dos motivos porque ele não concorreu à outra eleição em seu clube, mas
nunca foi aplicado.
E não se enganem aquele que
vierem com a velha bravata de que “é uma Lei que não pegou”. Lei tem que ser
cumprida, independentemente do assunto sobre o qual influa, e ainda mais quando
poderá beneficiar a milhões de pessoas, afinal futebol não é artigo de primeira
necessidade, mas faz parte da cultura do brasileiro, e existe muita gente que
tira seu sustento dele.
Não temos grandes mecenas, como na Europa, nossa moeda é mais fraca, n
Saudações Vascaínas!
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