Para quem acompanhou ano passado,
na reta final do palhaçadão orquestrado pela CBF Adilson Batista andou fazendo
algumas escalações estranhas, que aos olhos de quem não acompanha o trabalho
dele, pareciam invenções descabidas. Na verdade não eram. Hoje vamos analisar
um pouco essas maluquices de Adilson, e mostrar apenas que ele é tacanho no
esquema, pois acha que pode e deve aplica-lo a qualquer grupo de atletas.
Para quem observou com atenção,
nossa defesa chegou a formar com Alessandro, Renato Silva, Luan, Cris e Yotún.
E essa é exatamente a formação que temos hoje, apenas os nomes mudaram. Afinal de
contas, Martín Silva, André Rocha, Luan, Rodrigo e Diego Renan, fazem o mesmo
tipo de formação defensiva que Adilson tentou ano passado, mas ano passao com
jogadores que não sabem atuar dessa forma, pois para isso dar certo é preciso
muito treinamento e entrosamento. Este ano temos atletas que sabem atuar dessa
forma, acredito inclusive, que Adilson pediu a contratação de André Rocha, pois
ele sabe fazer exatamente essa função, não sendo mais do que um zagueiro que
joga deslocado pela direita, e que às vezes sobe ao ataque.
Na frente dessa zaga temos
Guiñazu, que costuma fazer um primeiro combate pelo lado esquerdo (André Rocha
faz pelo direito), e este também tem liberdade para chegar ao ataque
eventualmente. Isso facilita o trabalho de Luan e Rodrigo, que dificilmente se
vêm no mano a mano com os atacantes adversários. No meio temos Pedro Ken, Diego
Renan e Douglas, e na frente Everton Costa, Edmilson e Reginaldo.
Esse 4-3-3 aparece quando
atacamos, mas quando defendemos cada um assume a função tradicional, e fazemos
duas linhas de 4,como os Europeus. Isso porque Reginaldo volta para fechar o
meio campo, e frequentemente temos o retorno de Everton Costa também, fazendo
um bloqueio fortíssimo na frente da área. Dessa forma costumamos defender no
tradicional 4-4-2, ou às vezes até no 4-5-1.
Mas tudo isso acontece quando
temos o time titular em campo, com atletas que já aprenderam a jogar assim, ou
cujas características propiciam tal formação tática. Quando o time entra com
muitos reservas, como foi o caso dos dois primeiros jogos do palhaçadão 2014,
os substitutos apresentam dificuldades em atuar dessa forma, e o resultado é o
que vimos nessas rodadas.
E a culpa disso não é
exclusivamente dos atletas, mas principalmente do técnico. Porque o trabalho
dele não é apenas criar um sistema tático, mas sim um sistema tático que se
adeque às características dos atletas que estão sob seu comando. Assim,
dependendo das peças que tenha a disposição, será criada a tática a ser usada.
Essa adaptação a sistemas táticos
também é um dos motivos para que jogadores brasileiros levem mais tempo para se
adaptar ao futebol europeu, isso quando se adaptam. Alguns não o conseguem, e
caem para ligas secundárias, ou retornam ao Brasil.
O que Adilson quer fazer no
Vascão demanda tempo, treino, e boa vontade. Apenas a última parece estar
presente no grupo. E mesmo que tivéssemos todos esses ingredientes no Vascão,
ainda nos faltaria o bom senso em não fazer atletas desempenharem funções muito
fora de suas características físicas. Exemplo disso é tentar fazer com que
Felipe Bastos jogue como apoiador. Ele é lento, pouco criativo, e não é
driblador. Outra é fazer com que Douglas seja o cérebro do time. Ele também é
lento, e embora seja bastante criativo, é muito dispersivo. Cabe ao treinador
conseguir extrair o que cada um tem de melhor, e minimizar seus defeitos.
Adilson Batista conseguiu isso no
Vasco, mas apenas no time principal. Quando tem que mudar peças desse time, se
perde na insistência de querer que atletas de características diferentes, façam
o mesmo trabalho. Não vão fazer.
Os principais times europeus têm
grandes elencos, e elencos grandes. As trocas são constantes de um jogo para
outro. Também têm uma temporada longa e difícil, com muitos jogos. A diferença
é que têm elencos maiores, e não estão presos a um único sistema tático. Ele
varia de acordo com os jogos e com os atletas que estão a disposição do técnico
pra determinada partida. Claro que sempre aparecem exceções, o Barcelona de 3
ou 4 anos atrás é ótimo exemplo disso.
E isso ocorre porque seres
humanos não são iguais. Cabe ao técnico prever tais diferenças, e criar
sistemas para superá-las. Adilson quer que todos joguem da mesma forma. Não
vão.
Adilson poderá ser campeão da série
B pelo Vascão, poderá até vencer outros campeonatos, mas isso não faz dele um
bom técnico, porque lhe falta o entendimento da diferença humana, além da velocidade de raciocínio e impetuosidade para mudar o andamento de uma partida. E isso é
fundamental em qualquer estrategista.
Saudações Vascaínas!
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