sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Blog do Vascão fala sobre os jogos nas arenas

Já falamos duas vezes, ainda que rapidamente, sobre essa questão de equipes de menor investimento estarem levando seus jogos para as arenas, herança da Copa do Mundo, mas boa parte situada em locais onde não existe um futebol suficientemente desenvolvido para justificar suas construções. O resultado é que seus administradores, por terem uma cláusula em seus contratos de arrendamento que os obrigam a realizarem um número mínimo de partidas de futebol anualmente nas arenas, negociam com as equipes de menor investimento e conseguem três coisas: a primeira é um público grande, que tem girado em torno de 60%-70% da capacidade desses novos estádios, a segunda é que conseguem comprar o direito dos jogos por preço bem abaixo do que se estivessem negociando com as grandes equipes, e a terceira é que isso vem garantindo um bom lucro a esses administradores.

Para as equipes pequenas isso costuma significar um bom “cachê”, já que dificilmente alcançariam esses valores, caso estivessem mandando seus jogos em seus reais estádios, e não significa necessariamente prejuízo técnico, pois não mudam em nada seus modos de jogar, ou seja, jogam da mesma forma que jogariam se em casa estivessem.

Claro que nem tudo são problemas. Como Rodrigo Caetano bem colocou isso significa que a equipe grande jogará em um bom gramado e, muito possivelmente, com uma enorme quantidade de torcedores a seu favor. Por outro lado o número de longas viagens tem aumentado, e os custos com locomoção também.

Mas se fizermos a conta, os clubes grandes acabem tendo prejuízo, tanto financeiro, quanto técnico, pois têm um custo muito maior para se deslocarem as longas distâncias e alcançarem os locais de jogos, que é acrescido em tempo de deslocamento e desgaste físico, o que acaba interferindo negativamente no desempenho das equipes dentro de campo.

Rodrigo Caetano diz que o Vascão já foi à CBF pedindo providências, mas claro, fica complicado para a entidade alterar qualquer regra no meio do campeonato, inclusive essa do mando de campo. Mas seria importantíssimo que fosse revisto tal situação para os próximos anos, e isso simplesmente porque quem leva os torcedores que enchem o estádio é a “equipe visitante”. Ou seja, é sobre o “patrimônio”  construído pelo “visitante” que o mandante do jogo está tirando seu lucro, então nada mais justo que o “visitante” também tenha ganho sobre aquilo que ele construiu por anos de trabalho.

Tal situação tem sido agravada com o fato de que, todas as vezes em que o Vascão tentou levar seus jogos para um dos novos estádios, ele foi impedido com desculpas variadas, que foram desde a arena estar cedida à FIFA, até que a arena estava em processo de readaptação.

Essa situação só vem a se agregar e agravar a situação geral dos grandes clubes brasileiros, que geram uma enorme quantidade de dinheiro, mas que ficam com uma parte cada vez menor desse montante. É bom lembrar que não existe futebol forte em um país, se você não tem clubes fortes. Aos poucos esse futebol irá se desfigurar e deixar de ser respeitado, é o processo que vem ocorrendo com o futebol brasileiro.


Ou fazemos ajustes em nosso futebol, ou iremos fatalmente sofrer de decadência, e títulos internacionais serão cada vez mais difíceis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário