Muito tem se falado sobre respeito ao Club de Regatas Vasco da Gama. Esse tema foi um dos lemas da campanha de nosso atual presidente, Eurico Miranda, que dizia que o Vascão voltaria a ser respeitado, e uma das críticas dessa mesma campanha, que dizia que com a administração anterior o Vascão deixou de ser respeitado.
Daí temos agora uma série de acusações, defesas, e contra-ataques, sobre se o Vascão está sendo respeitado ou não. Discussão inócua, principalmente se pensarmos que a ideia é levantarmos o Club e fazê-lo voltar a ser uma força dentro e fora dos campos.
Na visão deste blogueiro, por uma série de erros, principalmente de covardia em se posicionar realmente em relação à Ffer e à CBF e seus dirigentes, representantes fracos nas duas instituições, o Vascão acabou por perder muito de sua influência nos bastidores.
Não que esse processo tenha sido exclusivo da diretoria anterior, já que ele tem início muito próximo à virada do milênio, quando a imprensa iniciou maciço ataque ao Club (capitaneada pela Globo), e colocou o trabalho de duas décadas de Calçada/Eurico em franca decadência. Eurico Miranda, então sozinho no comando do Club, se viu acuado e bombardeado de todos os lados (também cometeu alguns erros). Esse processo foi intensificado por uma asfixia financeira, que impedia de compensar a gradual perda de influência nos bastidores, com times competitivos e bons resultados em campo. O resultado foi que, ao entrarmos em 2014, flamengo, fluminense, e até o botafogo, tivessem mais influência nos bastidores do que o Gigante da Colina.
De certa forma o afastamento de Eurico Miranda foi bom. Ele saiu por um bom tempo dos holofotes, mas sem jamais deixar de frequentar a cena (mesmo que indiretamente), e fez com que arrefecessem os ânimos em relação a ele. Sim, a ele, porque ao Vascão isso nunca aconteceu, na verdade a imprensa e os bastidores passaram a tratar o Club como sempre sonharam, um primo pobre para servir de bode expiatório quando necessário. No período de afastamento de Eurico, o Vascão foi carta fora do baralho, e usado (isso mesmo, usado) para atender interesses outros.
Eurico agora voltou. Não deixou de ser combativo, mas mudou de estratégia e a forma de agir. Se antes agredia e atacava a torto e a direito, era impulsivo, e em várias situações deixava os nervos aflorarem, hoje se defende contra-atacando, pensa antes de agir, estuda a situação antes de ir a uma coletiva, prevê o que pode acontecer e planeja respostas; não perde nunca a compostura. É um novo Eurico e, como afirmavam seus correligionários, melhor.
Eurico permanece controlando o Club com mão-de-ferro, mas delegou poderes a vários partidários. O Club está aberto ao que interessa (novos sócios), está sendo reformado para abrigar outros esportes e melhorar a parte social, ou seja, vem fazendo uma boa administração, dentro do possível.
Com isso a imprensa está, de certa forma, aturdida. Quer atacar o Vascão, mas não consegue. Os ataques são tiros n`água, ou falam de sua administração anterior, ou de supostas manipulações e usurpação de poder na Fferj. Nada comprovado, tudo desmentido de forma clara e inequívoca, chegando ao ponto de estarem cortando a palavra de Eurico e Rubinho (presidente da Fferj).
Também é certo que as relações do Vascão com a Fferj, e com a própria CBF mudaram. Já não existem tantos atritos e o Club se posicionou definitivamente. Só que não se recuperam cerca de 15 anos de ataques e queda no prestígio em poucos meses. E embora isso seja uma vitória, também é um calcanhar de Aquiles, porque as relações não melhoraram devido ao prestígio do Vascão, mas sim à contatos pessoais de Eurico nos bastidores.
Não que isso esteja errado, pois sabemos que as coisas correm dessa forma. Mas isso não é suficiente. Eurico estará a frente do Club por 1 ou 2 mandatos, depois terá que sair, e mesmo que continue colaborando, estará com cerca de 80 anos. Até quando ele terá energias para estar fazendo esse trabalho? Até quando ele estará entre nós para fazer esse trabalho?
Entendemos que ele está, aos poucos treinando seus rebentos, para possivelmente assumirem o Club. Entendemos também que, como seus filhos, Eurico tenha estrita confiança neles. Mas aqui também está outro calcanhar-de-Aquiles. Primeiro porque o Club não é feudo de uma família, e isso dará margem a muitas desavenças internas, sendo usado como argumento exatamente isso. Segundo porque é muito ruim que apenas alguns tenham o conhecimento necessário para exercer o trabalho que Eurico. Terceiro porque o poder controlado por apenas um pequeno grupo, tende a estagnar o desenvolvimento de qualquer empreendimento, e em um clube isso não é diferente. Quarto porque, também ao concentrar o poder em poucas pessoas, no longo prazo, existe um sério risco de acabarmos com uma certa morosidade e irresponsabilidade em outros sócios, pois toda a responsabilidade é, em última instância, de outras pessoas, e jamais será sua.
Então, até para termos outras opções, seria muito bom que Eurico começasse a treinar outros de sua diretoria, e/ou grupo de apoio.
E enquanto isso, Eurico vai reconquistando o terreno perdido nos últimos 15 anos, além de ir introduzindo outros Vascaínos no sistema, que ao final de seu tempo no comando do Vascão e junto à Fferj/CBF, tenham influência, respeitabilidade e possam continuar o trabalho que ele tão brilhantemente levou pelo final dos anos 80 e por todo os 90.
Saudações Cruzmaltinas
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