No terço final do Campeonato
Brasileiro de 2013 entrou em cena uma nova força no Futebol Brasileiro: o Bom
Senso Futebol Clube. Como a grande maioria dos leitores deve saber, o BSFC é um
movimento, encabeçado por alguns atletas de renome que atuam no Futebol Brasileiro,
e que busca alguns avanços na relação entre clubes e jogadores, com a intenção
de termos um futebol mais justo, mais organizado, e capaz de oferecer melhores
espetáculos.
E o Blog do Vascão Eterno diz que
esse movimento é “capaz de oferecer melhores espetáculos”, é simplesmente pelo
fato de que a melhoria do Futebol Brasileiro passa pelas reivindicações dos
atletas, mas não se restringe a elas.
Aqui gostaríamos de frisar que
não devemos confundir Futebol Brasileiro com Seleção Brasileira. Esta última
vai bem, obrigado. Formada basicamente por jogadores que atuam na Europa, e com
alguns poucos que, por diversos motivos, atuam no Brasil.
E se alguém se perguntou porque o
Blog do Vascão Eterno acha que a melhora passa pelas solicitações do BSFC, mas
que elas não são suficientes para garantir uma melhora consistente do Futebol
Brasileiro, abaixo vão algumas razões, começando pelas próprias demandas dos
atletas.
Pagamentos em dia, incluindo punições
esportivas a quem atrasar salários; menos jogos para os clubes de “elite”,
e introdução do Fair Play financeiro. Na
verdade foram elencadas uma série de outras demandas, mas todas têm por objetivo
a garantia de cumprimento das três demandas principais acima.
E essas três demandas têm
potencial de auxiliar na melhora do Futebol Brasileiro, mas de forma alguma
serão suficientes para, que sozinhas, atinjam tal objetivo. E isso se dá
simplesmente porque tais demandas atendem a interesses exclusivos dos atletas,
e ajudariam a melhorar o Futebol Brasileiro de forma indireta, já que atletas
mais bem preparados e descansados, e sem preocupações financeiras têm melhores
condições de apresentar um melhor futebol dentro de campo. Mas isso não é uma
fórmula matemática, e dizer que têm condições de apresentar um futebol melhor,
é diferente de dizer que irão apresentar esse futebol.
Além das demandas apresentadas
pelos atletas, que com certeza são legítimas, já que quem trabalha deve
receber em dia e de acordo com o salário combinado, o Futebol Brasileiro
necessita de algumas mudanças mais para apresentar melhoras. E essas mudanças
também passam por atletas, mas por dirigentes, torcida, Imprensa, governo, Imprensa e até mesmo estádios.
E o primeiro ponto é que
precisamos repatriar nossos jogadores, não só os que atuam na seleção, mas
outros grandes atletas que jogam fora do Brasil. Um exemplo foi o post do
próprio Blog do Vascão Eterno veiculado no último domingo. Um dos comentários
foi que na final Estadual de 88, quando o Vascão conquistou um bi-estadual,
tínhamos nada menos que 7 tetra campeões em campo, 6 atletas que disputaram
outras Copas (1 pela Espanha), e 5 que haviam tido algumas passagens pela
Seleção Brasileira, mas sem se firmarem. Ou seja, tivemos 18 atletas com nível
e idade de atuarem na seleção brasileira em campo, e ainda tínhamos Leandro e
Roberto Dinamite, que não jogaram por fatores extra campo. Em 22 atletas 20
tinham nível técnico para atuarem na seleção. Quantos tínhamos no Brasileirão
deste ano? E em reais condições de atuar na seleção?
Outra coisa é a necessidade
premente de profissionalização de nossos dirigentes. E isso não no sentido de
remuneração, embora ela possa ocorrer, mas principalmente na capacidade
administrativa e gerencial, que ainda hoje apresenta sérios problemas, e que
persiste em utilizar métodos e soluções antigas, que podem dar resultados
momentâneos, pontuais e individuais, mas que costumam ser desastrosas para o
Futebol Brasileiro como um todo. Os problemas extra campo e as decisões do STJD,
todas relativas ao último Brasileirão, são um ótimo exemplo disso.
As torcidas também são um ponto
que precisa de melhoria. Vejam bem, o Blog do Vascão Eterno não é contra as
Torcidas Organizadas, mas é fato notório que várias delas abrigam grupos de
torcedores violentos, verdadeiros delinquentes, que são utilizados de forma a
confrontar outras torcidas, numa disputa insana de força, que absolutamente
nada tem a ver com o futebol. Essas torcidas deveriam promover limpas em seus
quadros, e os clubes deveriam tomar atitudes que incentivassem essa ações das
TOs. Violência é algo que afasta o torcedor comum dos estádios, e atrapalha
financeira e tecnicamente aos clubes.
A imprensa também pode ajudar
muito, começando por tratar atletas da forma que devem ser tratados. Com
respeito, mas sem exageros. Um exemplo é o termo craque, que significa um
jogador tecnicamente acima da média. A imprensa optou por utilizar o termo como
sinônimo de jogador de futebol, e acaba que qualquer atleta virou craque. Isso
engana a torcida e atrapalha análises isentas e bem feitas. Isso foi apenas um
exemplo, mas outros podem ser usados, como o partidarismo mais que explícitos a
determinadas equipes, quando se espera uma cobertura isenta por parte da
imprensa, etc.
Por fim podemos falar do governo,
que até deu mostras de intervir no futebol, com a intensão de resolver certos
problemas intrínsecos a ele, mas que até hoje não fez nada de realmente eficaz,
com exceção do Estatuto do Torcedor, mas mesmo esse tem sua aplicação feita de
maneira muito tênue, e muito por culpa do próprio governo.
Assim, além de aprofundar a
legislação que regula o Futebol no Brasil, e suas relações com os consumidores
e entidades que o compõem, deve fazer cumprir tais leis, ajudando a dar
credibilidade e estabilidade a essas relações, evitando assim controvérsias
como as ocorridas no final de 2013.
E os estádios são a coisa mais simples - ainda que cara - do mundo. Eles precisam ser mais confortáveis e seguros, porque quem paga ingresso tem direito a assistir um bom espetáculo, de forma confortável e segura. A desculpa de que quem quer conforto fica em casa e assiste pela TV é a maior balela já inventada, e serve apenas para incentivar a assinatura de canais a cabo.
O Blog do Vascão Eterno crê, que
com as medidas acima, poderíamos ter o início de um ressurgimento para o
Futebol Brasileiro. Claro que ajustes seriam necessários, a medida que o
Futebol evoluísse, mas sem o básico, listado acima, permaneceremos simples satélites
do futebol europeu, e não se assustem os leitores, se dentro de algum tempo
nossos geniais dirigentes não resolverem por ajustar nosso calendário ao europeu.
Afinal não há porque o satélite estar fora da órbita do astro principal.
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