Já falamos duas
vezes, ainda que rapidamente, sobre essa questão de equipes de menor
investimento estarem levando seus jogos para as arenas, herança da Copa do
Mundo, mas boa parte situada em locais onde não existe um futebol suficientemente
desenvolvido para justificar suas construções. O resultado é que seus
administradores, por terem uma cláusula em seus contratos de arrendamento que
os obrigam a realizarem um número mínimo de partidas de futebol anualmente nas
arenas, negociam com as equipes de menor investimento e conseguem três coisas: a
primeira é um público grande, que tem girado em torno de 60%-70% da capacidade
desses novos estádios, a segunda é que conseguem comprar o direito dos jogos
por preço bem abaixo do que se estivessem negociando com as grandes equipes, e
a terceira é que isso vem garantindo um bom lucro a esses administradores.
Para as equipes
pequenas isso costuma significar um bom “cachê”, já que dificilmente
alcançariam esses valores, caso estivessem mandando seus jogos em seus reais
estádios, e não significa necessariamente prejuízo técnico, pois não mudam em
nada seus modos de jogar, ou seja, jogam da mesma forma que jogariam se em casa
estivessem.
Claro que nem
tudo são problemas. Como Rodrigo Caetano bem colocou isso significa que a
equipe grande jogará em um bom gramado e, muito possivelmente, com uma enorme
quantidade de torcedores a seu favor. Por outro lado o número de longas viagens
tem aumentado, e os custos com locomoção também.
Mas se fizermos
a conta, os clubes grandes acabem tendo prejuízo, tanto financeiro, quanto
técnico, pois têm um custo muito maior para se deslocarem as longas distâncias
e alcançarem os locais de jogos, que é acrescido em tempo de deslocamento e
desgaste físico, o que acaba interferindo negativamente no desempenho das
equipes dentro de campo.
Rodrigo Caetano
diz que o Vascão já foi à CBF pedindo providências, mas claro, fica complicado
para a entidade alterar qualquer regra no meio do campeonato, inclusive essa do
mando de campo. Mas seria importantíssimo que fosse revisto tal situação para
os próximos anos, e isso simplesmente porque quem leva os torcedores que enchem
o estádio é a “equipe visitante”. Ou seja, é sobre o “patrimônio” construído pelo “visitante” que o mandante do
jogo está tirando seu lucro, então nada mais justo que o “visitante” também
tenha ganho sobre aquilo que ele construiu por anos de trabalho.
Tal situação tem
sido agravada com o fato de que, todas as vezes em que o Vascão tentou levar
seus jogos para um dos novos estádios, ele foi impedido com desculpas variadas,
que foram desde a arena estar cedida à FIFA, até que a arena estava em processo
de readaptação.
Essa situação só
vem a se agregar e agravar a situação geral dos grandes clubes brasileiros, que
geram uma enorme quantidade de dinheiro, mas que ficam com uma parte cada vez
menor desse montante. É bom lembrar que não existe futebol forte em um país, se
você não tem clubes fortes. Aos poucos esse futebol irá se desfigurar e deixar
de ser respeitado, é o processo que vem ocorrendo com o futebol brasileiro.
Ou fazemos
ajustes em nosso futebol, ou iremos fatalmente sofrer de decadência, e títulos
internacionais serão cada vez mais difíceis.
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